20120917

A dívida de pessoas e empresas – a dependência eterna


Sumário

1 – Introdução ao modelo de dependência empobrecedora
2 – Cotejo da dívida com o PIB, a FBCF e os rendimentos do trabalho e da empresa
3 - Crédito concedido a particulares ou famílias e empresas
3.1 – Crédito concedido a particulares ou famílias
3.2 – Crédito concedido a empresas
3.2.1 – O crédito concedido por prazos de reembolso
3.2.2 – Distribuição do crédito pela dimensão da dívida
3.2.3 – Distribuição setorial do crédito – A formação da deriva imobiliária
3.2.4 – A distribuição setorial do crédito e do emprego
3.2.5 – A distribuição setorial do crédito e a destruição de capital
3.2.6 – O divórcio entre o crédito e o investimento
3.3 - Crédito malparado

Sublinhados

·         O sistema financeiro constitui uma trama global que, controlando as empresas e domesticando todas as instâncias políticas – Estados, partidos, sindicatos - constitui os povos como os alvos de uma nova escravização e mesmo de genocídio;

·         A dívida é uma amarra que o sistema financeiro utiliza para controlar as pessoas, as empresas e os Estados;

·         A dívida é uma peça central da financiarização das sociedades, das nossas vidas, nesta fase do capitalismo neoliberal;

·         Os Estados, dominados pelo sistema financeiro, transferem o ónus da dívida pública para os trabalhadores e aliviam tanto quanto podem as empresas nacionais;

·         Portugal é uma entidade periférica sem soberania, dirigida pelo capital financeiro global (“troika”) através de um partido-estado, o PS/PSD;

·         Em Portugal, em 1995, a dívida pública, das pessoas e das empresas correspondia a 64.5% do PIB; hoje equivale a 2.5 vezes. Não há qualquer relação próxima entre o crescimento do endividamento, por um lado e, do PIB, do investimento, dos rendimentos do trabalho, por outro, a partir do final do século passado;

·         A gula financeira, depois de esgotado o filão das empresas, descapitalizadas, garantiu junto das famílias, décadas de prestações pelo crédito concedido;

·         Os bancos estimularam o desenvolvimento do improdutivo setor imobiliário dirigindo para este a sua principal atenção e desestruturando totalmente uma economia, historicamente frágil. O crédito dirigiu-se especialmente para setores de atividade ligados ao imobiliário que, por sua vez, funciona como lavandaria de negócios escusos e da evasão fiscal;

·         Nessa volúpia ficaram comprometidas as pessoas, por atitudes próprias e pelo impacto do endividamento do Estado e das empresas; até que, o próprio sistema financeiro português também entrou em colapso;

·         O Estado, controlado pelo sistema financeiro, tem sido um agente decisivo e cruel no empobrecimento da multidão, beneficiando da falta de alternativas de uma esquerda institucional, ferozmente keynesiana e estatista, quando não nacionalista; 

·         A descapitalização das empresas obrigou os governos a aproveitar a boleia da “troika” para acrescentar ao caderno do capital internacional, medidas desastradas e desastrosas para os trabalhadores, como a passagem de 11% para 18% do salário bruto, a quotização para a Segurança Social; 

·         Desde 1979, o crédito às famílias cresceu mais de 310 vezes enquanto os rendimentos do trabalho aumentaram 24.7 vezes; e o Estado que tudo facilitou naquele sentido, é agora o principal instrumento do empobrecimento da multidão, em rendimentos e direitos;

·         O grande crescimento da dívida das empresas, a longo prazo, é um claro sintoma de dificuldades financeiras e não o produto de um esforço investidor. Nas últimas décadas, a FBCF concentra-se na construção e vem reduzindo o seu peso no PIB;

·         O crédito considerado malparado pelos bancos cresce acentuadamente desde o início da actual recessão, particularmente titulado por empresas e, entre estas, as dos setores da construção e do imobiliário;

·         Por razões que se prendem com a valorização das ações dos bancos, estes vão diluindo a assunção de perdas com o malparado e vão ocultando perdas que estão latentes, com o colapso da economia portuguesa;
·         Este modelo está a destruir empregos e vidas e ainda, milhares de empresas, tornando perdidos equipamentos, instalações e poupanças, negando a propaganda do enriquecimento pessoal por via do “empreendorismo”. Essa destruição de capital é apadrinhada pelas instâncias comunitárias, reconhecendo a debilidade das empresas e dos capitalistas portugueses, com o total desprezo para com os trabalhadores;

·         Urge encerrar este modelo. Para isso é preciso sangue, suor e lágrimas para derrubar o predomínio do capital e da democracia de mercado que não nos representa.

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