Sumário
1 – Introdução ao modelo de
dependência empobrecedora
2
– Cotejo da dívida com o PIB, a FBCF e os rendimentos do trabalho e da empresa
3 - Crédito concedido a particulares
ou famílias e empresas
3.1 – Crédito concedido a particulares
ou famílias
3.2 – Crédito concedido a empresas
3.2.1 – O crédito concedido por prazos
de reembolso
3.2.2 – Distribuição do crédito pela
dimensão da dívida
3.2.3 – Distribuição setorial do
crédito – A formação da deriva imobiliária
3.2.4 – A distribuição setorial do
crédito e do emprego
3.2.5 – A distribuição setorial do
crédito e a destruição de capital
3.2.6 – O divórcio entre o crédito e o
investimento
3.3 - Crédito malparado
Sublinhados
·
O
sistema financeiro constitui uma trama global que, controlando as empresas e
domesticando todas as instâncias políticas – Estados, partidos, sindicatos -
constitui os povos como os alvos de uma nova escravização e mesmo de genocídio;
·
A
dívida é uma amarra que o sistema financeiro utiliza para controlar as pessoas,
as empresas e os Estados;
·
A
dívida é uma peça central da financiarização das sociedades, das nossas vidas,
nesta fase do capitalismo neoliberal;
·
Os
Estados, dominados pelo sistema financeiro, transferem o ónus da dívida pública
para os trabalhadores e aliviam tanto quanto podem as empresas nacionais;
·
Portugal
é uma entidade periférica sem soberania, dirigida pelo capital financeiro
global (“troika”) através de um partido-estado, o PS/PSD;
·
Em
Portugal, em 1995, a dívida pública, das pessoas e das empresas correspondia a
64.5% do PIB; hoje equivale a 2.5 vezes. Não há qualquer relação próxima entre
o crescimento do endividamento, por um lado e, do PIB, do investimento, dos
rendimentos do trabalho, por outro, a partir do final do século passado;
·
A
gula financeira, depois de esgotado o filão das empresas, descapitalizadas,
garantiu junto das famílias, décadas de prestações pelo crédito concedido;
·
Os
bancos estimularam o desenvolvimento do improdutivo setor imobiliário dirigindo
para este a sua principal atenção e desestruturando totalmente uma economia,
historicamente frágil. O crédito dirigiu-se especialmente para setores de
atividade ligados ao imobiliário que, por sua vez, funciona como lavandaria de
negócios escusos e da evasão fiscal;
·
Nessa
volúpia ficaram comprometidas as pessoas, por atitudes próprias e pelo impacto
do endividamento do Estado e das empresas; até que, o próprio sistema
financeiro português também entrou em colapso;
·
O
Estado, controlado pelo sistema financeiro, tem sido um agente decisivo e cruel
no empobrecimento da multidão, beneficiando da falta de alternativas de uma
esquerda institucional, ferozmente keynesiana e estatista, quando não
nacionalista;
·
A
descapitalização das empresas obrigou os governos a aproveitar a boleia da
“troika” para acrescentar ao caderno do capital internacional, medidas
desastradas e desastrosas para os trabalhadores, como a passagem de 11% para
18% do salário bruto, a quotização para a Segurança Social;
·
Desde
1979, o crédito às famílias cresceu mais de 310 vezes enquanto os rendimentos
do trabalho aumentaram 24.7 vezes; e o Estado que tudo facilitou naquele
sentido, é agora o principal instrumento do empobrecimento da multidão, em
rendimentos e direitos;
·
O
grande crescimento da dívida das empresas, a longo prazo, é um claro sintoma de
dificuldades financeiras e não o produto de um esforço investidor. Nas últimas
décadas, a FBCF concentra-se na construção e vem reduzindo o seu peso no PIB;
·
O
crédito considerado malparado pelos bancos cresce acentuadamente desde o início
da actual recessão, particularmente titulado por empresas e, entre estas, as
dos setores da construção e do imobiliário;
·
Por
razões que se prendem com a valorização das ações dos bancos, estes vão
diluindo a assunção de perdas com o malparado e vão ocultando perdas que estão
latentes, com o colapso da economia portuguesa;
·
Este
modelo está a destruir empregos e vidas e ainda, milhares de empresas, tornando
perdidos equipamentos, instalações e poupanças, negando a propaganda do
enriquecimento pessoal por via do “empreendorismo”. Essa destruição de capital
é apadrinhada pelas instâncias comunitárias, reconhecendo a debilidade das
empresas e dos capitalistas portugueses, com o total desprezo para com os
trabalhadores;
·
Urge
encerrar este modelo. Para isso é preciso sangue, suor e lágrimas para derrubar
o predomínio do capital e da democracia de mercado que não nos representa.
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