"A totalidade dos professores de Educação Visual e Tecnológica (EVT) dos dois agrupamentos verticais de escolas de Vale de Cambra, em documento que tornam público e que endereçam ao senhor Ministro da Educação, expressam o seu ponto de vista sobre a pretensão da tutela pôr fim à disciplina de EVT e para as consequências nefastas que daí advirão, convergindo num veemente apelo para que tal medida não se concretize. (...)" (E-mail)
CONTRA A
DESTRUIÇÃO DA EDUCAÇÃO VISUAL E TECNOLÓGICA
A grave crise económica e financeira
que existe no plano nacional e internacional, tem servido de justificação para
se avançar com as mais diversas reformas, nos mais diversos sectores de atividade.
Não se percebe porque é que Educação
Visual e Tecnológica (EVT), uma disciplina de sucesso, que se formou há mais de
vinte anos, resultando da junção das disciplinas de Educação Visual e de
Trabalhos Manuais, esteja prestes a ser destruída por razões meramente
orçamentais, para dar lugar a qualquer coisa que, embora possa lembrar as suas
origens, em nada se lhe vai assemelhar, por força da tremenda redução da carga
horária, da redução da componente humana e da criação de uma terceira variante
(TIC).
Não se percebe que uma disciplina
como EVT, com uma forte componente prática, onde são desenvolvidas competências
básicas, nomeadamente as que se relacionam com o “saber fazer”, se transforme
assim, do dia para a noite, sem qualquer fundamento científico-pedagógico, em
duas ou três variantes, com um só professor e uma exígua carga horária semanal.
O trabalho manual – o espaço em que se treina “a mão“ dos futuros artistas,
cirurgiões, engenheiros, carpinteiros, trolhas, etc. – a partir do próximo ano
letivo estará seriamente desamparado. Mas EVT não se reduz à manualidade: o
mesmo trabalho manual, associado à busca de soluções técnicas e estéticas é
também um espaço privilegiado ao desenvolvimento cognitivo, ao reforço do
“saber”. É por demais sabido pela história do desenvolvimento humano, que a mão
e o cérebro andaram sempre ligados, e que não foi por mero acaso que evoluímos até
ao homo sapiens actual. Porque
é que EVT, a partir deste ponto de vista, não foi considerada uma disciplina
fundamental?
EVT deveria ter sido vista como uma
disciplina essencial, um espaço de confrontação entre o conhecimento científico
e o conhecimento prático, um espaço para a experiência, o conhecimento técnico
e a arte.
Parece que estamos condenados a
perder nestas duas frentes da qualidade do ensino:
Os subprodutos anunciados que poderão advir da
substituição da EVT (Educação Visual, Educação Tecnológica e Tecnologias da
Informação e Comunicação), levarão à redução da supervisão das actividades
lectivas, a uma séria limitação da intervenção pedagógica diferenciada e individualizada
– ambas fundamentais ao nível etário dos alunos com que se trabalha – ficando também
criadas condições para o aumento da indisciplina na sala de aula e o
agravamento das condições de segurança individuais no manuseamento de
ferramentas e demais equipamento escolar, ainda que drasticamente reduzido o
seu tempo de manipulação. E por fim os cursos que as Escolas Superiores de
Educação e os Institutos Politécnicos vinham ministrando nesta área, verão o
seu percurso profissional interrompido, assim
como muitos dos seus licenciados, actualmente em funções, ficarão reduzidos à ameaça
do desemprego.
A bem da
escola pública, enquanto profissionais responsáveis, não nos resta outra
alternativa senão a denúncia pública desta situação e um veemente apelo às
entidades competentes no sentido da suspensão destas medidas.
Vale de Cambra, 14 de Fevereiro de
2012
Os professores de EVT dos dois agrupamentos verticais de escolas de
Vale de Cambra,