Confesso que não sou dada a manifestações, não pela revindicação, mas pela infiltração de desordeiros e pelo aproveitamento dos vampiros politiqueiros. Mas não tenho nada contra, antes pelo contrário.
Ontem cruzei-me no Martim Moniz com os trabalhadores do sector da limpeza urbana do Município de Lisboa, e dei comigo a pensar que de há uns tempos a esta parte, não há dia que vá à Baixa Lisboeta (quase todas as semanas) que não veja uma manifestação. Por vezes são pequenos grupos de meia dúzia de pessoas, sem referência a sindicatos, sem o "apoio" encapotado da máquina organizada - não serão estes os que mais valor tem?
Puxei pela memória e não me recordo que estes "pequenos" casos sejam notícia. É triste que os media só se dediquem às mega manifestações e às notícias generalistas que só evidenciam números, sem os rostos de quem sofre, de quem luta...
Se bem que a manifestação de ontem era sindicalizada, por ser pequena não foi notícia. Deram-me um folheto onde expõem as revindicações e se desculpam pelos transtornos causados aos moradores e trabalhadores da cidade de Lisboa
Fica a parca fotografia que tirei com o telemóvel.
2012.07.02 STML Sector Limpeza Urbana - manifestação em Lisboa, passagem no Martim Moniz
2 comentários:
Boa noite. Achei este post interessante, mas queria acrescentar alguns pontos de vista.
- Se é verdade que pode haver aproveitamento político das manifestações, também há aproveitamento político (e muito maior) da falta delas ou da fraca adesão às mesmas.
- As situações de violência nas manif. são residuais e nada se comparam com a violência que é roubarem-nos o subsídio de férias e o subsídio de Natal.
- Não sei se são mais meritórias as manifestações organizadas por sindicatos ou por independentes; sei que por vezes estas divisões são mais nocivas do que benéficas. Quando ouço sindicalistas a criticar movimentos independentes ou movimentos independentes a criticar os sindicatos, lembro-me logo dos Monty Python e do sketch em que o Movimento Popular contra os Romanos se queixa dos seus maiores inimigos: o Movimento do Povo contra os Romanos.
- Absolutamente de acordo: a comunicação social finge que muitos protestos não existem. E não acredito que seja por distração.
Cumprimentos.
Fir,
- Aproveitamento político dos que estão na AR e dos sindicatos partidários. Tenho aquele desejo secreto de ser mosca em diversas reuniões, como as de concertação social.
- A violência pode ser residual, mas pessoalmente, a gratuita faz-me confusão. Posso dizer tremenda quando se estende a quem nada tem a ver com quem contesta ou com quem oprime, por ex, um peão vindo do emprego que passa e leva bastonadas ou a quem tem uma loja e lhe partem a montra. É claro que são gente, dos dois lados da "barricada" que se aproveita do ajuntamento.
- Sou solidária com quem foi retirado o subsídio de férias e o 13º mês, o mesmo para os desempregados, mais ainda com os marginalizados daquela faixa etária que são velhos acima dos 30 anos e novos abaixo dos 60 anos - os mais violentados de todos.
- Não pretendo fazer quaisquer divisões, no entanto, é de convir que a luta organizada é diferente de quem luta sem apoio.
- Também não acredito que CS não divulgue por falta de interesse, é porque não convém. Como o número de desalojados ou de suicídios. Ao fim e ao cabo, são da máquina.
Cumprimentos,
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