não tenho de pedir desculpa [como o paulo guinote fez, ironicamente, aqui] por ter opinião divergente do signatário desta crónica, que há algum tempo vem manifestando posições claramente 'contra' o funcionalismo público... e, não bastas vezes, pouco contra a administração e gestão do estado e da coisa pública, o que, penso, não é 'normal'...
por exemplo, os avanços e recuos deste governo não são para aqui chamados mas respeitam à boa 'governação' da coisa pública, sem peias e achaques de modismos neoliberais mas tão só de cedência aos grandes interesses e ao capital especulativo... disso ele não fala...!
a pecha público versus privado não pode ser reduzida à mera leitura de números [mesmo que indicadores ou rácios] descontextualizados e estabelecer comparações genéricas de universos que não são comparáveis entre si [ estou a pensar em médicos e enfermeiros, advogados, juízes, engenheiros, gestores, etc... e funcionários e quadros dos institutos públicos, empresas de transportes, etc...]... tout court...!
portanto estamos perante um quadro corporativo que, em bastantes casos, tem um poder 'negocial' imenso [nem me vou dar ao trabalho de os evidenciar... eles são notórios!]...
quanto a horários de trabalho trabalhamos acima da média europeia, apesar do funcionalismo ter uma jorna de '35 horas' portanto abaixo da média de outros sectores... inegável mas... e aqui a porca torce o rabo.
cita-se um relatório de 2009, por exemplo, para extrapolar o facto de, considerando o factor remuneratório horário, o funcionalismo perceber cerca de 25% mais que o sector privado... mas isso acontece [deverá acontecer] em extractos do funcionalismo com as mais baixas qualificações, salvo excepções que poderão ser na classe docente, a título de nota...
e é nesses extractos que está a maior fatia dos desvios..., pois o resto do funcionalismo é altamente qualificado e, na maior parte dos casos, ganha muito menos que no sector privado, para as responsabiidades e competências que tem...
vejamos o caso dos professores, que é aquele que me diz respeito... já aqui demonstrei o esbulho sistemático que o ministério tem vindo a fazer ao trabalho docente não remunerado, que equivale, grosso modo, a um salário bruto anual de um qualquer índice remuneratório, para já não falar dos sucessivos congelamentos de progressão na carreira e dos cortes de vencimento que por aí grassam... e vão continuar...!
então no privado pagam menos...? pagam, apesar de as grelhas estarem a aproximar-se da da função pública...!
mas, e então porque é que pagam menos...? o custo por aluno no privado é de 125 euro, segundo foi afirmado publicamente há poucos dias... se não pagam mais é por questões de 'mercado', poderão dizer... mas a coisa é mais clara e objectiva... o lucro [ainda por cima, muitas vezes, financiado a expensas públicas via contratos de associação e outros...]...!
afinal em que é que ficamos...?
equidade e distribuição dos sacrifícios... ?
ps.
não percebi muito bem o que é que tem o desemprego a ver com a questão, para além do facto de 'ser difícil' despedir na função pública...!
culpa de quem...? de quem governa, tão só...!
incompetentes há-os em todos os lados e devem ser todos banidos...