20131203

Reestruturação da dívida ou trafulhice?


Na operação de hoje o governo transferiu o pagamento de dívida de € 6.640 M de 2014/15 para 2017/18.

No exercício abaixo a que se procedeu considerou-se o prazo de maior esforço de pagamento à troika – 2014/21 - uma taxa constante de 5% e o valor do PIB em 2012.

Estimativa do serviço de dívida de médio/longo prazo para 2014/21 (€ milhões)

2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
soma
Antes da operação de 3/12/2013





amortização
13779
15029
12540
12178
10698
11470
12273
10766
98733
juros
4592
3872
3183
2565
1993
1439
845
269
18758
% do PIB
11,1
11,5
9,5
8,9
7,7
7,8
8,0
6,7

Depois da operação de 3/12/2013





amortização
11279
10869
12540
14858
14668
11470
12273
10766
98723
juros
4654
4100
3515
2830
2092
1439
845
269
19745
% do PIB
9,7
9,1
9,7
10,7
10,2
7,8
8,0
6,7

                                                                             http://grazia-tanta.blogspot.com

A referida operação conduz a:

  • Um alívio da tesouraria durante três anos mas que aumenta em três anos o tempo de pagamento de juros sobre aquele valor.
  • Um aumento adicional de € 100 por habitante, uma vez que no período 2014/18 os juros acumulados aumentam em € 988 milhões. E não considerando novas reestruturações criativas como esta, nem novos empréstimos;
  • O governo sacode as suas responsabilidades de 2014/15 – haverá eleições em 2015 - para 2017/18, denotando que o atual convénio PSD/CDS não irá perdurar como agora. Será que esperam atrair o PS para a sociedade promotora do empobrecimento?
  • O governo pretende dourar a situação económica e financeira de Portugal, com previsões macroeconómicas infantilmente falsas e convencer “os mercados” da bondade da sua gestão;
  • Esta operação não foi certamente gratuita e permitiu comissões elevadas por parte de bancos e/ou consultores cujo montante se desconhece;
Que soluções?

1.            Com ou sem a operação de reestruturação, a dívida não é pagável na sua atual dimensão, como se observa nas parcelas do PIB a comprometer com o serviço de dívida para os próximos anos.

2.            Uma economia capaz de melhorar a vida da população e absorver a procura de trabalho tem de ter um crescimento razoável, superior a 3%;

3.            Mesmo que se consiga um crescimento dessa ordem, num prazo que, na atual situação económica e política não é previsível, esse acréscimo estará sempre longe de poder fazer face ao serviço de dívida;

4.            Dito de outro modo, um crescimento que permita simultaneamente pagar o serviço de dívida e melhorar a vida da população, atrair os que emigraram, reduzir o desemprego e conter o empobrecimento galopante a que se assiste, esse crescimento teria de ser variar, no período considerado entre 10 e 14% o que é inimaginável;

5.            Falar de reestruturação é uma burla política para ocultação da realidade por parte do governo e devido a cálculos políticos de uma oposição falsa, mansa, ou inútil, todos à margem da população;

6.            Qualquer real solução para a precária situação global em que vive a esmagadora maioria dos residentes em Portugal passa por:

    1. Suspensão imediata do pagamento da dívida pública por motivos de força maior
    2. Avaliação da parcela da dívida a declarar como nula por não ter sido aplicada no bem estar das pessoas e eventual reescalonamento de algumas das suas parcelas legítimas;
    3. Criação de um regime político democrático, com um outro modelo de representação, em que as pessoas possam decidir a todo o momento e não vejam os seus direitos usurpados por uma classe política;
    4. Apuramento das responsabilidades criminais e financeiras dos decisores políticos dos últimos governos.


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