Roberto disse:
Passo a citar:
"Pois, parece-me natural este distanciamento da Grécia, quer por
parte de Portugal, quer por parte de todos os outros países nesta crise
da dívida soberana. Também a própria Grécia gostaria de se distanciar de
si própria, mas não pode.
Não pode, não só por razões óbvias,
mas também porque a verdade é que para os outros países é bastante
conveniente ter um bode expiatório pra mandar para a fogueira, a ver se
os próprios problemas passam despercebidos e por debaixo do radar dos
mercados... mas é tapar o Sol com a peneira, como os juros no mercado
secundário têm demonstrado repetidamente, especialmente no caso
Português, que continuam a subir, clara demonstração da desconfiança por
parte dos mercados na implementação e eficácia das medidas adoptadas.
O
que nos leva a interrogar, será que são estas as medidas correctas? Sem
dúvida que necessitamos intervenção, mas é esta a correcta? Por muito
impecável que seja a implementação do programa por parte do Governo(a
acreditar nas palavras da própria troika - btw, no ínicio da crise
Grega, há 2 anos atrás, esta Troika era só palmadinhas nas costas dos
Gregos e afirmavam a pés juntos que estava a correr tudo bem...), será
que vamos obter os resultados desejados?
Então porque é que já se
falou num "ligeiro" ajuste dos números, de uma revisão dos objectivos?
Porque é que já se murmura em voz alta que talvez Portugal necessite de
um segundo "pacote" de "ajuda"?
Cada dia que passa, tenho mais e
mais dúvidas, especialmente porque nos casos anteriores (vide Argentina e
Chile) estas medidas não tiveram o impacto necessário, apenas quando
foram corrigidas é que o crescimento económico se verificou...
E
estamos a falar de países que já tinham batido no fundo, por isso o
único caminho, de acordo com os ciclos económicos, é mesmo para cima...
Sim,
sem dúvida, precisamos de um equilíbrio financeiro, de um orçamento
equilibrado, de cortes de despesas, mas discordo dos cortes horizontais,
onde juntamente com a gordura se corta a carne. Concordo que é
necessário aumentar a competitividade de um país, mas tenho as minhas
dúvidas de que cortando o poder de compra e os salários sejam o
caminho... Será que o objectivo é fazer do Sul da Europa uma China ou
uma Índia, países de mão-de-obra barata, às portas da Velha (e rica)
Europa do Norte?
É uma solução esta, e a mais rápida, mas será a mais acertada?
Creio
que o problema reside no tempo... Sim, um mundo melhor é possível, mas
demora mais. E além disso, tivemos 30 anos de oportunidades para elevar
os nossos "standards", mas durante este tempo andava tudo demasiado
ocupado armado em cigarra...
Enfim, o tempo, a História e as próximas gerações cá estarão para nos julgar a todos.