Ontem, à semelhança do que tem sido frequente
no noticiário de horário nobre da SIC, Miguel Sousa Tavares afirmou, com
a elegância paquidérmica e flagrante défice oftálmico que caracteriza
as suas intervenções, que (e cito) «o Sindicato dos
Maquinistas é a tropa de choque da Intersindical».
No decurso do mesmo noticiário,
Rodrigo
Guedes de Carvalho, a quem a fleuma bafeja com frequência mas o
cumprimento da audição de todas as partes envolvidas numa peça em
condições de igualdade nem sempre, afirmou ter recebido da parte da
mesma Intersindical um esclarecimento, negando qualquer filiação do Sindicato dos Maquinistas nas suas fileiras.
Após
ter dado palco às posições (manifestamente) infundadas e difamatórias -
mas não surpreendentes - de MST, RGC afirmou (e cito) «fica o esclarecimento da SIC e do Miguel Sousa Tavares».
Sobre
a flagrante utilização de (longo) tempo de antena para afirmar
alarvidades com as quais acabava de ser confrontado e pelas quais era
desmentido, RGC disse nada. Nenhum contraditório que se visse. Nenhuma
sombra ou espectro de colocação da mentira perante a prova da mesma.
Nada. Em horário nobre. Displicentemente. Ou talvez não.
Convidar
os pacificadores habituais para induzir ao conformismo e, de caminho,
dizer umas alarvidades de gravata, habitual estratégia semiótica de
legitimação: eis os media em 2012.
Dar tempo de antena
ao disparate infundado, mas "arrumar" o esclarecimento factual (de que o
jornalismo antigamente era feito...) com um "aqui fica" resolvido em 2
segundos: eis os simulacros de pivots noticiosos em 2012.
Triste,
para não dizer patético. Se "isto" é o jornalismo que resta à
Democracia, a Democracia passa bem sem ele. Que saudades de E.R.
Murrow...
3 comentários:
:D
Excelent, my friend! *****
Caro Pedro Neto
Parabéns pela excelente análise.
Decididamente vivemos num país cada vez mais pobre em tudo.
Obrigado a ambos :))
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