20120222

Da elegância paquidérmica e do flagrante défice oftálmico

Ontem, à semelhança do que tem sido frequente no noticiário de horário nobre da SIC, Miguel Sousa Tavares afirmou, com a elegância paquidérmica e flagrante défice oftálmico que caracteriza as suas intervenções, que (e cito) «o Sindicato dos Maquinistas é a tropa de choque da Intersindical».

No decurso do mesmo noticiário, Rodrigo Guedes de Carvalho, a quem a fleuma bafeja com frequência mas o cumprimento da audição de todas as partes envolvidas numa peça em condições de igualdade nem sempre, afirmou ter recebido da parte da mesma Intersindical um esclarecimento, negando qualquer filiação do Sindicato dos Maquinistas nas suas fileiras.

Após ter dado palco às posições (manifestamente) infundadas e difamatórias - mas não surpreendentes - de MST, RGC afirmou (e cito) «fica o esclarecimento da SIC e do Miguel Sousa Tavares».

Sobre a flagrante utilização de (longo) tempo de antena para afirmar alarvidades com as quais acabava de ser confrontado e pelas quais era desmentido, RGC disse nada. Nenhum contraditório que se visse. Nenhuma sombra ou espectro de colocação da mentira perante a prova da mesma. Nada. Em horário nobre. Displicentemente. Ou talvez não.


Convidar os pacificadores habituais para induzir ao conformismo e, de caminho, dizer umas alarvidades de gravata, habitual estratégia semiótica de legitimação: eis os media em 2012.

Dar tempo de antena ao disparate infundado, mas "arrumar" o esclarecimento factual (de que o jornalismo antigamente era feito...) com um "aqui fica" resolvido em 2 segundos: eis os simulacros de pivots noticiosos em 2012.

Triste, para não dizer patético. Se "isto" é o jornalismo que resta à Democracia, a Democracia passa bem sem ele. Que saudades de E.R. Murrow...

3 comentários:

Moriae disse...

:D

Excelent, my friend! *****

bibónorte disse...

Caro Pedro Neto
Parabéns pela excelente análise.
Decididamente vivemos num país cada vez mais pobre em tudo.

pedro pereira neto disse...

Obrigado a ambos :))