20120212

E quem não vê disto todos os dias e até tão perto?

A pobreza não acontece de repente, vai corroendo a vida devagarinho
 Por Natália Faria | Público

Esta semana, o Eurostat contou 2,7 milhões de portugueses em risco de pobreza e exclusão social. As instituições que oferecem comida e abrigo estão lotadas. Sem prevenção, e com as redes familiares perto de rebentar, as histórias que hoje aqui contamos podem multiplicar-se por milhares (Público para Assinantes)
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“A rua é o último recurso. Leva tempo até as pessoas chegarem lá. Mesmo que um casal fique desempregado, há sempre a família, os amigos”, sublinha Marco Semblano, da Legião da Boa Vontade. “A retaguarda familiar em Portugal ainda serve de almofada ao impacto violentíssimo que a crise está a ter. Mesmo quando as pessoas entregam a casa ao banco, têm sempre a mãe, a avó...”, concorda António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto. “Quando uma pessoa deixa de pagar a casa, geralmente passam dois ou três anos antes de chegar à rua. Isso só acontece quando o amigo deixa de abrir a porta, quando a própria família deixa de abrir a porta”, reforça Ana Martins da AMI, para deixar a certeza: “Se o Governo não agir sobre o problema da habitação, nomeadamente os créditos malparados, dentro dos próximos três anos as situações de rua vão aumentar significativamente”.
(...) Em 2011, a AMI atendeu 14.938 pessoas. É um aumento de 92% relativamente a 2008. Daquelas, 1815 estavam sem abrigo. “O fenómeno dos sem-abrigo era dominantemente masculino, mas, neste momento e comparando com o que se passava em 2008, temos um aumento de 56% de mulheres”. “O nosso medo” — o de Ana Martins e o dos demais responsáveis — “é que em 2012 as coisas se agravem ainda mais e esta bomba-relógio expluda”."

Fonte: Público para Assinantes

2 comentários:

Urgel Couto disse...

Infelizmente está tornar-se "moda" (não me ocorre a palavra certa/correcta) e todos os dias vemos a fila na sopa dos pobres a aumentar.E não é só em Portugal, por essa velha Europa o ritmo é o mesmo ao contrário de quem vive na\da politica e das altas instâncias financeiras.

Moriae disse...

É verdade, meu amigo. Como que uma epidemia que se alastra. Provocada pelo próprio homem, como muitas delas!
Não há palavra certa, Urgel ... Tudo isto está errado. Tudo isto poderia ter sido evitado. Mas lá está, é como dizes, inversamente proporcional para os poderosos.
Bjs