20111014

Nuno Crato, uma escatologia, na forma de 500 zeinais bavas que querem "frô"





Imagem do Kaos


tenho, por nuno crato, o mesmo respeito que tinha pela milú, a mulher a dias da educação, com algumas variantes, a de, realmente, o respeito ser um pouco abaixo e a barba dele estar um pouco mais acima.
sempre que há nunos cratos a cratizarem-se no que resta no cenário por desmontar de um sonho de um gajo que nunca devia ter sonhado isso, afonso henriques, vem-me à cabeça um velho aforismo, que, algures, inventei, o de que, para a cultura e para a educação, qualquer coisa serve, desde que tenha um ligeiro ar de vaca da graciosa, ou um gene de hipopótamo, que vai da mente às extremidades elefantisadas. claro que isto são meras imagens, um pouco os meus graffitis de escrita, mas o sumo da coisa, o meu plano nacional de leitura, para citar outro traste, um camelo de sorrisos falsos, a essência destas imagens é a métrica de uma linha de pensamento que se vai tornando impiedosa, de dia para dia, e que está a chegar agora, por puro tédio, a um seu máximo relativo, como o crato, matematico, adoraria ler escrito, e vamos já aos factos.

como é sabido, as repúblicas do séc xix, a par com as monarquias liberalizantes, sabiam que o sistema de ensino público, a começar pelo primário, era a espinha dorsal de todas as esferas do futuro, pelo que, sempre que hoje se fala em desinvestir em educação, eu saco do revólver das palavras e começo a zeinal bavar-me em todas as direções. depois, como dentro do horror, há sempre um horror do horror, aparecem os cratos, para fazer os fretes que a milú inaugurou, e que a sensaborona opinião pública nacional, uma coisa que só se sabe pronunciar sobre as punições do balneário do leão, ou lá que merda é essa, quase que ignora, já que no tabuleiro do nada vale, tudo vale, na forma do deixa andar,
mas eu não deixo, porque, podem cortar em muita coisa, mas a minha sensibilidade para os valores do relacionamento humano é demasiado sofisticada para não me agarrar às centésimas, e dirão vocês que isto é um vítor constâncio que em mim grita, e eu direi que sim, tal como a senhora de mota amaral tem uma santa da ladeira por fora e uma elsa raposo por dentro, e eu vou soltar essas centésimas, na forma de vitríolo e trucidador for ever essa detestável criatura, nuno crato, que tanto poderia ter aceitado a educação como um penico internacional, já que a vertente carrilha é um carrilho de via única que a subserviência têgêveia, percorre e serve.

acontece que a excelência, palavra que detesto, e prefiro substituir pelo valor do mérito e o reconhecimento das qualidades, quando atribuída em certas idades, pode ser determinante para toda a existência, como dizia sartre sobre a família, que se tinha em pequeno, e deixava marcas para o resto da vida, e deixa, tal como certos atos, e vou já ao que nos interessa, porque isto de andar a bailar é bom para os cretinos do "eixo do mal", e da "quadratura das bestas".

sucede que, coisa que eu desconhecia, alguma das almas caridosas que ocupou a educação, como poderia ter ocupado a vereda das sentinas, resolveu, e com algum brio, que os melhores alunos, do secundário, creio, daquelas bombas relógio que são as escolas portuguesas, iria receber 500 € de recompensa pelo esforço desenvolvido.
500 €, num certo tempo da vida, pode ser muito dinheiro, mais, pode ser o sinal simbólico que funda a primeira pedra de alguém que sente que o trabalho intelectual poderá vir a ser uma via posterior de sobrevivência.
como toda a gente sabe, e vamos a um axioma, em honra do crato, em portugal, o trabalho intelectual não é uma via posterior de sobrevivência, não tivéssemos nós 27% de licenciados no desemprego, e uma fasquia inominável de patrões analfabetos, de cnocizados no governo, e atrasados mentais nos poleiros da república.
esses são os autênticos sinais de mediocracia, uma coisa que a grécia antiga não onventou, mas nós decidimos praticar, já que a arte de ser atrasado sempre passou por decapitar os mais aptos.

eu, humilde escritor, que já tive essa sensação de murro no estômago, em tempos idos, quando ganhei um prémio literário, que era uma publicação da obra na imprensa nacional, casa da moeda, mas, logo dois dias depois, recebo um telefonema, a dizer que, sim, que tinha o prémio, mas não a edição, porque o cancro que então dirigia a instituição -- e escarrapacho-lhe já com o nome aqui -- um tal de vasco graça moura, uma nulidade, que parece uma retroescavadora-caimão do reacionarismo nacional, ao ir-se embora, tinha deixado os cofres vazios...
para o jovem que ganhou o prémio, eu, a coisa foi marcante, aliás, não surpreendente, mas corroborante do desprezo que eu já intimamente sentia por esse traste da vida pública portuguesa, e, imaginem, ao longo do tempo, não só não me esqueci do episódio, como continua a considerar essa... coisa um dos primeiros que abateria, se tivesse o tal poder de carregar no botãozinho e livrar-me das belas lêndeas que nos infestam.

sei que este texto poderá parecer um pouco camileano, autor que não frequento, já que foi indireto culpado de uma posterior gangrena da língua portuguesa, ao nível do vasco graça moura, mas na forma de hipopótamo anão, a agustina, a saloia do norte oitocentista, e vou enveredar pela minha típica verborreia, pondo-me na pele dos jovens que estavam à espera do prémio de mérito, e, afinal, ouviram o qualquer-um-que-pode-ocupar-a-pasta-da-educação dizer-lhes, que, afinal, não havia dinheiro.

gostei dos rasgos de filantropia de dignidade que alguns setores da nossa sociedade, ainda não corrompidos, tiveram, ao assegurar, do bolso deles, o pagamento dos prémios, mas o grosso deles ficou, mesmo, por pagar,
e, assim, estes jovens, anónimos, o melhor das nossas decadentes escolas, aprenderam uma profundíssima lição, um belo teorema, a de que a palavra de um ministro pode voltar atrás, o que terá, no seu amadurecimento, uma sequela de corolários, que poderão ir desde o radicalíssimo desprezo que eu sinto pelo ato, a um crescente ódio, que termine naqueles metralhares finlandeses, ou americanos, de porta de universidade.
como diz a teoria do caos, e o sr. crato muito bem sabe, o bater de asas de uma borboleta em pequim pode gerar um occupy wall street em nova iorque, e quando as borboletas são muitas, e batem muitas asas, poderão muitos 15 de outubros ocupar avenidas, com multidões reunidas em todas as alamedas.
isto, todavia, não é senão, um prólogo dos desenvolvimentos sequentes, não fosse isto um estado em estado de esfarelamento abrupto e acelerado: no tempo da civilização, o ministro dos bons exemplos das gerações futuras, já que esses exemplos são o que fica, quando se esqueceu tudo o resto da educação, ao saber da coisa, que até lhe poderia ser alheia, deveria imediatamente ter seguido o caminho da demissão, para que esses milhares de jovens defraudados sentissem que tinha havido uma solidariedade, por parte de quem deve representar a decência dos países, os seus governos, e crato teria passado para a história como um excelente ministro da educação, um daqueles raros, que, ao sentir que estava incapacitado de cumprir os seus compromissos de honra e exemplaridade, tinha preferido colocar o lugar à disposição, para que as gerações futuras o vissem, doravante, como um homem digno.

e vamos a outro teorema: a dignidade, em portugal, onde se pensa com os pés, e os milagres se esperam de joelhos, tal como o esforço intelectual, são irrelevantes, já que o vale tudo, o há de passar, o amanhã já ninguém se lembra imperam. acontece que não imperam, porque os jovens têm memória de elefante, e crato passou para a história como ainda mais vil do que de vil a educação até hoje tinha produzido, a escravinha da casa pia, que era acordada com baldes de água fria em menina, e achou que isso lhe dava o estatuto de socióloga educadora. creio, só para dar um pouco de adrenalina aos meus leitores, que, se a encontrasse na rua, ainda agora lhe cuspiria na cara, com tanto gosto, como quando ela se perfilou no vazio nacional...
dirá o crato, coitado, que ficaria pobre, e não poderia ir-se embora, porque tem uma família de cratinhos para sustentar, que lhe deve ter perguntado, pai, como é que é isso, de terem prometido um prémio ao pedro, e depois lhe o terem tirado, e o pai crato terá explicado, com a sua exatitude matemática, que não se podem fazer omeletes sem ovos, e é verdade, mas o problema de portugal não é não ter ovos, é ter os ovos todos colocados em cestas erradas, porque, esse mesmo país que assistiu, hoje, a mais um passo na direção da sua terceiromundialização, de aqui a dois meses, se lá chegar, irá assistir à chuva dos milhões dos méritos dos zeinais bavas, dos carrapatosos, dos miras amarais, dos ulrichs, dos farias de oliveira, dos proenças de carvalho, e de tantas aberrações só possíveis numa entorpecida cauda da europa.

a história, a ser contada corretamente, deveria ter decorrido assim, para memória e exemplaridade das gerações publicamente vexadas por este escândalo que se apropriou do poder no portugal agonizantes: ao saber das dificuldades do erário público, minado de bpns, bpps, motoristas das senhora de mota amaral e outras tantas aberrâncias, sua excelência o ministro das finanças, o prozakizado vítor gaspar, imediatamente se teria apercebido da gravidade pedagógica do evento, comunicado ao primeiro ministro das "doce" que um governo pode não ter dinheiro, mas terá de manter a sua decência até ao fim, e de aí se subiria ao senhor do sorriso das vacas, aníbal, o alzheimarizado, e, em consonância de estado, tal como se decidiu nacionalizar o bpn do criminoso dias loureiro, o governo da república, reunido de urgência, e dada a gravidade da situação, decidiria tomar medidas pontuais e exemplares, cativando os prémios dos gestores da ruína da coisa pública, de modo que o dinheiro pudesse assegurar a distinção do mérito das futuras melhores cabeças da geração que estava em construção.
não o fizeram, e o preço disso, prevejo, será medonho, muito para lá dos pesos de consciência de leonor beleza, quando acorda, a meio da noite, e grita, a ver as faces agonizantes dos hemofílicos que assassinou: esta geração não esquecerá o que o sr. crato lhes fez um dia, e, quando os adolescentes crescem e se tornam jovens cabeças de liderança, por vezes rolam cabeças de robespierres na guilhotina.

as outras tiveram as cabeças passeadas nas pontas de chuços, porque brincavam às pastorinhas. Temo, com sinceridade, pelo que possa acontecer a estes, que brincam com todos nós...

(afinal o quinteto era de revolução, no "arrebenta-sol", no "demo crato", no "democracia em portugal", no "klandestino" e em "the braganza mothers")

3 comentários:

Moriae disse...

Bem aparecido, Arrebenta! : )

Moriae disse...

É mesmo o P†rgrèsso!

"a arte de ser atrasado sempre passou por decapitar os mais aptos." Nem mais!

Anónimo disse...

LOOOOL! Pois...
Isso até acontece em... blogues! ah ah ah ! :-))))